sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Vivendo em santidade


Ando pensando no valor de ser cristã.

Talvez seja por causa da grande polêmica que envolveu a vida nos últimos tempos.

Interessante como as pessoas ficam querendo arrumar "homens" para mim.

Lutam, mesmo que não as tenhamos convocado para tal, para que recebamos o direito "que a vida nos oferece".

Já presenciei discursos inflamados de pessoas que acham um absurdo o fato de uma cristã (o) solteiro não poder ter uma vida sexual "normal/livre".

Eu também fico indignada, mas de outro modo.

Fico indignada quando a sociedade interpreta a minha vida como mera restrição da vida sexual. Fico indignada quando vejo as pessoas se perderem em argumentos rasos, limitando uma questão tão complexa ao contexto do “pode ou não pode”.

A sexualidade é apenas um detalhe da questão.

Santidade é muito mais. Santidade é um elemento que favorece a solidão frutuosa, pois nos coloca diante da possibilidade de fazer da vida uma experiência de doação plena.

O fato de não ter uma vida "sexual normal" não me priva do amor.

Eu o descubro de outros modos. Tenho diante de mim a possibilidade de ser dos que precisam de minha presença.

Na palavra que digo, na música que canto e no gesto que realizo, o todo de minha condição humana está colocado. É o que tento viver. É o que acredito ser o certo.Nunca encarei a ,minha escolha como restrição.

Esta opção de vida não me foi imposta. Ninguém me obrigou ser cristã protestante, e quando escolhi o ser, ninguém me enganou.

Eu assumi livremente todas as possibilidades do ministério, mas também todos os limites. Não há escolhas humanas que só nos trarão possibilidades.

Tudo é tecido a partir dos avessos e dos direitos. É questão de maturidade.

Eu não sou uma mulher solitária, apenas escolhi viver assim.

Não vivo lamentando o fato de não poder ter uma vida "comum".

Ao contrário, sou muito feliz sendo quem eu sou e fazendo o que faço. Tenho meus limites, minhas lutas cotidianas para manter a minha fidelidade, mas não faço desta luta uma experiência de lamento.

Já caí inúmeras vezes ao longo de minha vida. Não tenho medo das minhas quedas. Elas me humanizaram e me ajudaram a compreender o significado da misericórdia. Eu não sou teórica. Vivo na carne a necessidade de estar em Deus para que minhas esperanças continuem vivas.

Eu não sou por acaso. Sou fruto de um processo histórico que me faz perceber as pessoas que posso trazer para dentro do meu coração.

Deus me mostra. Ele me indica, por meio de minha sensibilidade, quais são as pessoas que poderão oferecer algum risco para minha vida.

Eu não me refiro somente ao perigo da sexualidade. Eu me refiro também às pessoas que querem me transformar em “propriedade privada”.

Querem depositar sobre mim o seu universo de carências e necessidades, iludidas de que eu sou o redentora de suas vidas.

Não descobriram a beleza dos detalhes que a santidade sugere. Fizeram sexo demais, mas amaram de menos. Faltou santidade, encontro frutuoso, amor que não carece de sexo o tempo todo, porque sobrevive de outras formas de carinho.

É por isso que eu continuo aqui, lutando pelo direito de ser assim, sem que isso pareça neurose ou imposição que alguém me fez.

Da mesma forma que eu continuo lutando para que as pessoas descubram que o casamento também não é uma imposição.

Só se casa aquele que quer. Por isso perguntamos sempre – É de livre e espontânea vontade que o fazeis?

– É simples. Casados ou não, ninguém está livre das obrigações do amor.

A fidelidade é o rosto mais sincero de nossas predileções.

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